Eleições, responsabilidade compartilhada

Eleições, responsabilidade compartilhada 550 345 Instituto Palavra Aberta

* Patrícia Blanco

Em 5 de outubro o voto, mais do que um dever social ou um exercício de responsabilidade, ganhará contornos de grandes mudanças.

Quanto mais amplas as eleições, maiores são os horizontes de mudanças. Dois indicadores apontam nessa direção. Pela primeira vez, 11 milhões de jovens, entre 16 e 20 anos, irão voltar, correspondendo a 12% do total de eleitores. Parte desse contingente, sem dúvida, participou das manifestações de junho do ano passado e terá voz ativa nos destinos do país.

Por outro lado, mais de 24 mil candidatos concorrerão a 1.627 cargos, entre eles a presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, além dos candidatos às casas legislativas. São 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. Certamente, representarão novos e profundos anseios daqueles que o elegerem.

No conjunto, determinarão o uso de cerca de R$ 10 trilhões, somente do orçamento da União, nos quatro anos seguintes. Em paralelo, candidatos e eleitores irão conviver com um mundo totalmente novo onde a comunicação é imediata e a críticas se sucedem, na velocidade da luz, na grande ágora em que se transformaram as mídias sociais.

Hoje, as demandas da sociedade são os motores da ação e tal característica exige novo compromisso e novas responsabilidades de eleitores e eleitos. Certamente, isso refletirá nas futuras alianças políticas, na gestão do Estado e nas responsabilidades, seja dos representantes políticos, seja da sociedade. Isto porque a democracia é irreversível e as muitas faces do país, agora refletidas no espelho do cotidiano, são frutos do próprio exercício da liberdade. Há problemas? Sim. Mas não nasceram por geração espontânea. Nasceram da democracia e da livre manifestação das vontades.

As campanhas estão nas ruas. Cabe ao eleitor avalia-las, informar-se sobre as plataformas dos candidatos e escolher aqueles que cabem no figurino dos seus sonhos e utopias reais. O Brasil será o que os eleitores decidirem e quanto maior e mais livre for o fluxo de informação, mais consciente será a decisão do cidadão.

Em uma visão retrospectiva, pode-se constatar que quanto menor a base eleitoral, mais excludente foi a sociedade. Foi assim da Colônia ao Império e, também, na República até a Constituição de 1988. Agora, tudo mudou. Pode-se reclamar do que quer que seja, da educação à saúde, da corrupção à burocracia e os impostos. Não se pode, porém, reclamar da falta de liberdade.

A base eleitoral é ampla e reflete a vocação democrática da sociedade. Essa foi a conquista maior e a tendência é enriquecê-la e ampliá-la. Daí, a responsabilidade ser compartilhada. Quanto mais ampla, significativa e livre for a eleição, maior e mais extensa será a responsabilidade da cidadania.

* Patrícia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta.

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