Liberdade como princípio

Liberdade como princípio 550 344 Instituto Palavra Aberta

Patrícia Blanco*

A morte de Eduardo Campos deixa a liberdade de expressão sem um dos seus importantes defensores e cobre o país com a tristeza do luto

O nome Eduardo Campos contém muitos nomes. Nasceu em Recife, em 1965 e cresceu respirando o ar sufocante da ditadura militar: o avô, então Governador, foi cassado e perdeu os direitos políticos, sendo obrigado a partir para o exílio na Argélia, dois meses antes do nascimento do neto, o primeiro. A família foi perseguida. O nome Arraes tornou-se permanente alvo de suspeitas pelo regime, mas ele soube superar os impasses e se educou em meio ao ambiente liberal de escritores como Ariano Suassuna, tio da sua mulher, leu com vivo interesse Graciliano Ramos, Celso Furtado e Eduardo Galeano. Gostava de discutir e debater. Formou-se em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco, onde presidiu o diretório acadêmico, entrando para a politica aos 21 anos.

A política corria nas veias da família. Campos era um político dos mais promissores. Quem assistiu a sua última entrevista no Jornal Nacional pôde sentir que se tratava de um homem educado e sereno, mas firme, com ideias claras e determinação para agir.

O que chamava atenção em Campos era sua postura em defesa da liberdade de expressão, destacando-se pela forma atenciosa com que lidava e respeitava a mídia, sem fugir às perguntas por mais duras que fossem. Cultivava a cultura do diálogo e do entendimento. Tinha a liberdade como princípio. Sua morte deixa a liberdade de expressão sem um dos seus importantes defensores e cobre o país com a tristeza do luto. Aos que viajavam com ele, prestamos nossas homenagens, às famílias manifestamos nossos sentimentos.

* Patrícia Blanco é presidente executiva do Instituto Palavra Aberta

    Utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossa plataforma. Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade.