Pluralidade e democracia

Pluralidade e democracia 550 345 Instituto Palavra Aberta

* Patricia Blanco

O papel do jornalista e da imprensa na sociedade e seus muitos dilemas são temas oportunos para se discutir, aproveitando o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado hoje, 3 de maio, em todos os continentes.

O jornalista vive uma realidade de extremos: o massacre midiático e a pluralidade de opiniões. É um dilema cotidiano. De um lado, por dever do oficio, é levado a publicar aquilo que as pessoas envolvidas jamais desejariam ver divulgado, e em grande escala. De outro, é obrigado a ouvir todas as vozes, apontar as diferentes tendências, buscar a imparcialidade, deixar o julgamento para a opinião pública.

Trabalho complexo, árduo, esfalfante. Como é cotidiano a sua visibilidade, todos desejam intervir: uns para criticar, outros para regulamentar, uns para limitar, outros para processar. É natural da democracia, mas não é natural que se procure corroer a liberdade de imprensa que é legitima, legal e de extrema utilidade à cidadania. Conduz à participação e depura atitudes e ideias construtivas daquelas perecíveis ou não construtivas.

Nesse sentido, cada momento motiva uma nova ferramenta pedagógica. Se há contradição entre liberdade e excesso midiático, o aprendizado é real: como apurar melhor, como aprimorar a informação, como ampliar os espaços de debate e direito de resposta? São questões que surgem naturalmente no dia a dia jornalístico e que devem ser estimuladas. Mas daí a criar mecanismos invisíveis ou visíveis de censura vai uma longa distância.

A liberdade de imprensa não é obstáculo para a democracia. Pelo contrário, a força da democracia reside na força absolutamente pacífica da liberdade de opinião e informação. Foi assim na América, na Inglaterra, na França, na Alemanha, e por toda parte onde impera a vitalidade democrática. Não será diferente no Brasil. E por que seria? Com as mídias sociais, afinal, todos são repórteres. A mídia tradicional, por sua vez, cumpre seu papel e dá vazão ao que a sociedade pensa e produz em movimentos de múltiplas origens.

Entre o temor dos excessos e a liberdade, a opção pela liberdade é o melhor caminho a seguir. Esse é o motivo para aprofundar o debate em torno da mídia e deixar que a própria mídia expulse seus vícios, fortaleça suas virtudes. Mais do que liberdade de imprensa o que viceja hoje no Brasil é a liberdade da sociedade. Uma não existe sem a outra. São complementares, em permanente relação de vasos comunicantes.

* Patricia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta

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