Prêmio Maria Moors Cabot é entregue em Nova York

• 16/10/2014

*Fernando L. Schüler

Os hall da Low Library, da Universidade de Columbia, é imponente. O jantar era de bom gosto, a expressão de alegria, com alguma margem de dúvida, no rosto de cada um. A noite celebrava a entrega do Cabot Prize, da Escola de Jornalismo na Universidade de Columbia.

Participei o evento como conselheiro do Instituto Palavra Aberta, a pedido da presidente Patricia Blanco. A noite homenageava jornalistas que, América Latina afora, destacaram-se pela defesa da liberdade de imprensa e pela excelência jornalística.

Ganhadores do prêmio: Frank Bajak (The Associated Press), Laura Weffer (Venezuela – Ultimas Noticias), Tracy Wilkinson (Los Angeles Times), Giannina Segnini (Costa Rica – La Nación), Tamoa Calzadilla (Venezuela – Ultimas Noticias) e Paco Calderon (Grupo Reforma do México). Foto: AP Photo / Jason DeCrow

Entre os premiados, as jovens jornalistas venezuelanas Tamoa Calzadilla e Laura Weffer, do Diário Últimas Notícias, de Caracas. Ambas renunciaram a seus postos no jornal depois de terem sua matéria de cobertura dos movimentos de rua, de oposição ao governo Maduro, censurada pela direção, por pressão do governo. A matéria se chama Lo que hay detráz de las guarimbas, e pode ser vista na Internet: http://www.armando.info/sitio/index.php?id=12&tx_ttnews[tt_news]=86&cHash=c57a3d849d75a88a6c62c91b2e7b7e23

A perseguição a Laura e Tamoa é apenas mais um capítulo do extermínio da liberdade de imprensa. Na noite estrelada da Low Library, enquanto ambas faziam seu discurso de agradecimento, lágrimas discretas deslizavam pelo rosto de alguns jornalistas venezuelanos, com quem compartilhava a mesa. Havia uma questão de direitos ali, e me dei conta do tamanho do desleixo brasileiro, na última década, com um tema elementar de direitos humanos, como é a liberdade de expressão, na América Latina.

Oxalá tenhamos coragem de mudar esse estado de coisas, nos próximos anos.