Sem misturar estações

• 17/06/2014

* Patrícia Blanco
O brasileiro está participando e torcendo com a Copa após 64 anos desde o primeiro mundial, que aconteceu aqui em 1950. Naquela época, o Brasil estava recém saído da ditadura varguista e reaprendendo a respirar o ar da liberdade. Hoje, a liberdade, garantida pela Constituição de 1988, tem 26 anos e o País tomou gosto pela democracia.
Há multidões de jovens que não conheceram outro regime, senão a democracia constitucional. São os mesmos jovens que estão nas ruas esbanjando alegria e otimismo quanto à uma possível vitória da seleção. São eles também que decidirão os rumos que o País irá tomar nas eleições de outubro, a sétima vivida sem qualquer crise institucional desde o fim do regime pós 1964.
A Copa é um momento especial, único. E o que temos visto é um motivador sinal de maturidade, protagonizado por pessoas de todas as idades, de todas as colorações políticas, de todos os Estados brasileiros. Há, sobretudo, avanços da democracia, uma vez que a sociedade não tem misturado torcida pela seleção e boas vindas aos visitantes com eleições e protestos políticos.
Evidentemente, há mobilizações da sociedade tirando partido do momento, até com certa dose de radicalismo. Embora esperado, temos que repudiar qualquer tipo de agressão, seja contra o cidadão que se manifesta, seja contra a imprensa que acompanha atentamente aos protestos. Mas são exceções à regra. Por toda parte, o que se vê é o torcedor cobrindo o país, de um extremo a outro, de verde e amarelo. Há vibração nos estádios e nas cidades onde os jogos se desenrolam, assim como em frente à televisão, telões, enfim, onde há gente, há alegria.
O fato é que, a partir de uma base democrática sólida, que garante a plena liberdade a todos, seja para expor seus pontos de vista, seja para torcer pela seleção, estamos construindo uma nova narrativa de Brasil, nascida das paixões e do cotidiano da nossa gente. E bola pra frente!

* Patricia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta