Unidos por um mesmo ideal

Unidos por um mesmo ideal 550 345 Instituto Palavra Aberta

Patrícia Blanco*

Nas últimas semanas partiram dois importantes jornalistas. Ruy Mesquita e Roberto Civita foram mais do referências, mudaram paradigmas na dedicação à defesa da liberdade de imprensa e de expressão. Um no Estadão, o outro na Editora Abril, demonstram que não há antagonismo em ser editor e empresário e, pelo contrário, no campo da informação a identidade com o público leitor é o caminho seguro para o êxito.

Ruy Mesquita era leitor de Tocqueville, autor do clássico Da Democracia na América; Roberto Civita leitor de Shakespeare, o inventor do humano, e Rudyard Kipling, autor do famoso poema If (Se), que esteve na raiz dos seus sonhos. Dr. Ruy, graças a sua formação, ensinou em sua longa vida de intensa prática do jornalismo aquilo que pode existir de mais elevado: que todos os cidadãos se coloquem para além do individualismo democrático para que a liberdade jamais seja sacrificada. Roberto Civita, dedicou sua vida “à verdade”. Ou, seja foi um jornalista que buscou a inteireza dos fatos, entendo que a liberdade começa e termina pelo direito inalienável de dizer “não”.

É essa a herança maior, é essa vocação para a construção do Estado de Liberdade que transpira da singular trajetória de Ruy Mesquita e Roberto Civita. Nascidos e formados em famílias de jornalistas, os Mesquita e os Civita, seus trabalhos e engajamentos estiveram sempre voltados para a liberdade de imprensa que nada mais é do que a liberdade da sociedade de se expressar, de se organizar e, enfim, fazer política pela palavra.

Assim, foi a verdade para Dr. Ruy, como era carinhosamente conhecido. Assim, foi a verdade para Roberto Civita. Grandes mestres, fundamentavam-se na realidade dos fatos, aceitavam a divergência, jamais a censura, nem o autoritarismo. Rejeitaram sempre o pecado original de muitos democratas que é de virar as costas à liberdade diante das primeiras dificuldades. Enfrentaram a censura e venceram. Participaram dinamicamente na construção da jovem democracia brasileira.

Não se renderam ao individualismo. Entendiam que o pilar central da democracia, como do jornalismo, é poder criticar sempre que a realidade assim exigir. E isso exige atenção, estar permanentemente desperto. Deixam para as novas e futuras gerações o inestimável exemplo de determinação, coragem e firmeza. O trabalho de suas obra no Estadão e na presidência do grupo Abril confluem para a história da busca maior da liberdade como valor universal, conquista que confere legitimidade à sociedade e coloca o Estado a serviço do cidadão e do desenvolvimento humano. Ruy Mesquita e Roberto Civita estiveram unidos por um mesmo ideal de liberdade. A eles nossa eterna homenagem.

*Presidente Executiva do Instituto Palavra Aberta

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