De cara com a mídia II

De cara com a mídia II 630 345 Instituto Palavra Aberta

livro-de-cara-com-a-midiaO autor Francisco Viana faz um convite à reflexão sobre a atualidade da comunicação. Mais que a Internet, o que mudou foi a percepção do contexto em que a realidade ganha forma e o jogo de interesses se desenrola.

É impossível ler De cara com a mídia II sem lembrar do primeiro livro. Ambos saíram em momentos históricos de grandes impasses e grandes expectativas de mudanças. De cara com a mídia I circulou há 16 anos, justamente quando o país se democratizava e o entulho dos anos de regime militar, a censura, principalmente, era banidos de cena pelos ventos da liberdade de imprensa e de expressão. Hoje, vive-se os impasses da democracia, com o extenso cortejo de escândalos e a emergência das mídias sociais que colocam em cheque toda a estrutura comunicativa e exige mudanças. Como, então, poderíamos classificar De Cara com a mídia II?

O livro é muito mais do que uma continuidade do primeiro. É um convite à reflexão sobre temas candentes da comunicação como, por exemplo, o zelo pela reputação, o impacto das mídias sociais, as novas exigências das gestões de crise, o planejamento de comunicação e como trabalham os jornalistas, além da filosofia da comunicação que defende a unidade entre palavras e ação. Questões que se deparam diariamente com os fundamentos filosóficos da comunicação: o fundamento da razão e da verdade e que se colocam em oposição com as contradições do contexto. Quanto maior a contradição, menos êxito terá a comunicação.

Avalia também, o marketing político, definido como uma doença da linguagem e que se propõe mais à ficção do que a discutir a realidade. Nesse aspecto se encontra a sua grande utilidade já que está nas livrarias e chega ao público no momento em que se desenrola a campanha para as eleições municipais, num ambiente em que a reputação dos candidatos vale muito na conquista pelo voto. Sem boa reputação, não há legitimidade e sem legitimidade não como merecer crédito.

Em grandes linhas, o livro estabelece o diálogo como uma relação dialética em que as partes juntas precisam encontram soluções para os problemas do cotidiano das corporações e do Estado. Com esses pressupostos fundamentais, os impasses são colocados à luz da mudança de paradigma que hoje inspiram a construção da confiança, isto é, torna-se indispensável o fazer. Não basta prometer, é preciso agir. Pois o que se pode esperar dos homens? A ação. A reflexão, e por consequência a ideia, nasce da ação, e não ao contrário, como assinalou com propriedade o filosofo francês (e homem de ação) Pierre-Joseph Proudhon.

Escrito pelo jornalista e doutor em filosofia política Francisco Viana (PUC-SP), que é autor de muitas obras – inclusive da trilogia formada por De cara com a mídia, Comunicação empresarial de A a Z e Hermes, a divina Arte da comunicação. O prefácio “Onde está a utopia” é de autoria de Paulo Nassar, presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

O editor Nereu Leme faz a apresentação “Um livro para reflexão” explicando que o trabalho vem preencher uma lacuna, já que a produção de literatura no campo da comunicação é escassa. Além disso, o livro cria um ponto de inflexão. Sugere que o comunicador repense seu papel à luz da realidade. E do cotidiano exercício de sua interpretação e reinterpretação pois vivemos um momento de grandes mudanças, com intensa disputa pela preferência do público. Sendo assim, a verdade não é uma questão de pontos de vista, é o fato e seu contexto.

De cara com a mídia II está dividido em cinco partes: a primeira é Ler o tempo e o Caminho da democracia (discute o papel do comunicador no Brasil dos dias atuais), a segunda parte Jornais e Jornalistas (desafios e impasses da mídia, aborda a necessária multiplicidade de fontes, o lado obscuro do jornalismo e os diferentes enfoques para o mesmo assunto), e a terceira parte Crise, melhor prevenir do que tentar remediar, enfoca os efeitos das crises sobre a reputação e a identidade dos seus protagonistas.

Na parte quatro, Media training, o tema central é a necessidade de treinamento de porta-vozes. Por fim, na parte cinco, Dicas úteis, para o cotidiano, são elencados diferentes temas que necessitam precisão e rigor ético ao serem tratados, a exemplo da chantagem das estratégias de crise, dos factoides e o uso das palavras. São preciosas pois nascem da prática para a teoria e se aplicadas motivam a confiança. Não são ilusões em doses homeopáticas, é a comunicação prática em movimento.

O arcabouço teórico inclui Nicolau Maquiavel, William Shakespeare, Leonardo Bruni e Manuel Castells e Armand e Michèle Mattelart. O objetivo do livro é propor caminhos para a construção da boa reputação, do exercício da ética, e da confiança. Realça os ensinamentos valiosos da teoria da interdependência e da Escola de Frankfurt. Parte do princípio de que a comunicação precisa ser cuidadosa e constante, pois é o oxigênio da democracia. Sem comunicação de qualidade, quer dizer verdadeira e transparente, os diversos atores, cedo ou tarde, saem de cena, com prejuízos irreparáveis para a imagem, reputação e identidade. Pois no regime democrático os fatos são teimosos e aparecem. É com base nos fatos que se constrói a comunicação de qualidade.

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