Um festa para ninguém botar defeito

Um festa para ninguém botar defeito 630 345 Instituto Palavra Aberta

* Patricia Blanco

O espetáculo de abertura dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, tocou o coração do mundo pela criatividade, ineditismo, cores, ritmos e, sobretudo, pelas mensagens.

Em termos de Brasil, a missiva da formação cultural, um mosaico social formado por múltiplas raças, incluindo principalmente o português e o negro, não deixa dúvidas de que a tolerância e a integração das minorias se faz necessário e é indispensável num País tão múltiplo e diverso. No âmbito planetário, a mensagem foi precisa: a defesa da preservação das florestas, ideal dos mais nobres que sugere a prática do atualíssimo tema da sustentabilidade. Em todas as ocasiões, a expressão corporal dos bailarinos enriqueceu as mensagens.

Marshall McLuhan, comunicador-filósofo da aldeia global, não faria melhor. Afinal, foi ele que, no alvorecer dos anos 1960, disse que os meios são as mensagens. Hoje, na era das mídias sociais, que McLuhan previu, recriamos os meios e demos a nossa mensagem. Clara, objetiva, de fácil entendimento. A imaginação superou a realidade e a tornou compreensível, demonstrando que há consciência das contradições e que não falta vontade de solucionar suas contradições. Tudo dito sem meias palavras e muita arte, em escala universal. Nada ficou a dever para as aberturas de jogos em outros países. A paz em nenhum momento foi quebrada, a hospitalidade para com os visitantes foi nota dez. Como estava previsto.

Houve, nunca é demais repetir, de tudo na cerimônia idealizada por Andrucha Waddington, Daniela Thomas e Fernando Meirelles e sua eficiente equipe de colaboradores. Foi um festa marcada pela fraternidade, que, além de mostrar que “somos todos olímpicos”, passou a ideia de que somos todos brasileiros e cariocas. Ficarão na memória a floresta dos atletas e a réplica da tocha olímpica partilhada com o público na Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Nada disso tinha ocorrido antes.

Que lições se pode tirar da abertura da Olimpíada? A primeira, e a mais imediata, é que a magia do gesto – refiro-me às mensagens dos corpos em movimento – comunica uma essência intima que se projeta para além da beleza e constrói a vontade participativa, sem discursos ou retórica. É espontaneidade pura e simples, mas que seduz e encanta, justamente por isso. A segunda, que perpassa todo o evento, é a tolerância, a não violência, a inclusão social de todas as pessoas e raças, porque essa é a essência da narrativa do Brasil, e não apenas futebol, samba e Carnaval. Com a afirmação da cultura da tolerância e do diálogo é certo que logo superaremos preconceitos e tabus. Caminharemos no rumo de uma sociedade próspera, solidária e não repressiva. Aliás, já estamos caminhando, fortalecendo cada vez mais a democracia.

* Patricia Blanco é presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta

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