Cultura de Liberdade

Cultura de Liberdade 550 345 Instituto Palavra Aberta

*Patricia Blanco

Passaram-se 50 anos desde aquele longínquo 31 de março de 1964 quando a liberdade no Brasil virou letra morta e a censura passou a fazer parte da vida brasileira.

Hoje, tudo mudou. Liberdade de expressão e liberdade de imprensa fazem parte de um mesmo cotidiano. Há mudanças políticas, mudanças culturais e mudanças tecnológicas. Como ponto de partida e de chegada, temos a Constituição Cidadã, e lá se vão 26 anos da sua promulgação, que dá alicerce à democracia, conquistada e reafirmada pela sociedade a cada momento.

Somam-se um ambiente de pleno exercício da cidadania. No passado, quem pensava diferente, quem reclamava, quem exigia direitos em contrapartida aos deveres, era reprimido e sufocado pelos ossificados espartilhos da não liberdade. Esse tempo passou. A cultura do debate avança, é um processo, mas não há como negar: o País respira liberdade por todos os seus muitos poros.

E, por fim, há crescentes avanços tecnológicos o que permite que as mídias sociais ganhem dimensões universais. São fatos motivadores que se desdobram em outros e incentivam o descortinar o País do presente que pensa o futuro.

Não são reflexões subjetivas. A seu favor trabalha pesquisa Datafolha divulgada no domingo (30/3) pela Folha de S.Paulo: 62% dos brasileiros acreditam que a democracia “é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”. É o melhor resultado, como assinala a mesma pesquisa, em 25 anos. Há insatisfações com o funcionamento da democracia, claro, existem e muitas.

A democracia é feita na prática. Tem erros e acertos, avanços e recuos. Quanto mais ampla a liberdade, maiores as contradições e seu conteúdo dialético a favor do progresso humano e econômico. Encerra a unidade entre palavras e ações. É o que a sociedade vem buscando, vem caminhando e avançando com surpreendente rapidez, sobretudo se comparado com democracias consolidadas como aquelas dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França.

Mas a novidade não está nas críticas, mas no ambiente propicio à crítica. Sim, antes da crítica vem o ambiente favorável a que esta se concretize e ganhe densidade. Daí, passados 50 anos do eclipse da liberdade, a relevância está em um País que renasceu e abraça os valores democráticos. São esses os acontecimentos a comemorar.

O passado ficou no lugar onde está desde a Constituição: no tempo que passou. Agora, é olhar para frente, cultivar as infinitas possibilidades que se abrem com a democracia. Real, pacifica e transformadora.

* Patricia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta

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