
Desinformação é o maior risco global a curto prazo, afirma Fórum Econômico Mundial
Desinformação é o maior risco global a curto prazo, afirma Fórum Econômico Mundial https://www.palavraaberta.org.br/v3/images/image-35000-1-1024x681.png 1024 681 Instituto Palavra Aberta https://www.palavraaberta.org.br/v3/images/image-35000-1-1024x681.png*Mariana Mandelli é coordenadora de comunicação do Instituto Palavra Aberta
Pelo segundo ano consecutivo, a desinformação é o maior risco global que enfrentaremos a curto prazo. Esta é uma das conclusões do Fórum Econômico Mundial, em relatório anual divulgado no dia 15 de janeiro. A reunião da entidade teve início na segunda-feira, em Davos, Suíça.
Denominado The Global Risks Report 2025, o documento ouviu cerca de 900 especialistas de diversos países para traçar diagnósticos e prognósticos geopolíticos e econômicos para os próximos anos. O relatório não é nada otimista: compara o contexto atual com o da Guerra Fria em termos de divisões ideológicas e políticas e faz projeções sombrias a curto, médio e longo prazo.
O texto afirma que a desinformação pode “afetar as intenções dos eleitores; pode semear dúvidas entre o público em geral em todo o mundo sobre o que está acontecendo nas zonas de conflito; ou pode ser utilizada para manchar a imagem de produtos ou serviços de outro país.”
Apesar de ter sido publicado dias antes da posse de Donald Trump, o alerta da entidade não é exagerado: em seu discurso, o presidente dos Estados Unidos voltou a repetir as mesmas mentiras que permearam sua campanha, como a de que a eleição anterior teria sido fraudada. Também disse que imigrantes ilegais que tentam ultrapassar a fronteira seriam criminosos ou pessoas com transtornos mentais. Ademais, deu informações imprecisas sobre a política de incentivo a veículos elétricos do país.
O exemplo do político republicano é extremamente relevante no cenário apontado pelo Fórum Econômico Mundial: depois da desinformação, os maiores riscos globais até 2027 seriam os eventos climáticos extremos, os conflitos armados entre países e a polarização, respectivamente em segundo, terceiro e quarto lugares. Fenômenos que são profundamente afetados e agravados por teorias conspiratórias, discursos de ódio e conteúdos falsos que circulam nas mídias sociais.
Se considerarmos as falas e as primeiras decisões de Trump, como a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris (algo que ele já havia feito em seu primeiro mandato), podemos reconhecer o tamanho do desafio, uma vez que temos, mais uma vez, uma autoridade pública contribuindo para a disseminação de desinformação, a nível mundial, sobre temas sensíveis e extremamente relevantes em um contexto geopolítico de tensões, incertezas e fraturas.
Resta saber como os países e os blocos reagirão nesse cenário instável e turbulento, tendo em vista o aprofundamento de diversas crises já estabelecidas. A criação e o fortalecimento de políticas públicas a nível local, que abordem e impulsionem temas como integridade da informação, educação midiática e fortalecimento do jornalismo profissional, tendo em vista a preservação e a defesa das democracias, nunca foi tão importante.