Sinal vermelho

Sinal vermelho 550 345 Instituto Palavra Aberta

A morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, mais do que um marco nas manifestações populares, é um sério sinal de advertência. A violência não pode persistir, sob pena de desvirtuar o sentido dos movimentos reivindicatórios

* Patricia Blanco

Santiago Andrade foi atingido por um rojão e gravemente ferido, no Rio de Janeiro, na movimentada região da Central do Brasil, quando trabalhava em busca de informações. Poderia ter sido em São Paulo ou em qualquer outra cidade do País. Poderia envolver uma ou mais pessoas. A violência tem se infiltrado no cotidiano, sob diferentes formas.

Uma delas se materializa nas hostilidades contra profissionais de imprensa. Têm sido comuns, desde junho do ano passado, quando os protestos começaram. Não deveriam ser porque jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas trabalham para informar a sociedade. Buscam fatos. Documentam a realidade.

Estranhamente, as hostilidades passaram a fazer parte da rotina, como a depredação de prédios públicos e o patrimônio privado, além da espetaculosa queima de ônibus e o uso de explosivos. Com que objetivo? Nenhum. Essa a dura constatação: o objetivo é nenhum, salvo golpear a ordem, nada mais.

Atitudes de natureza violenta não fazem parte do livre exercício da liberdade. Pelo contrário, é o avesso da liberdade. Nada constroem. Destroem. O primeiro e último pressuposto da prática da liberdade é o pacifismo. É a atitude pacifica que agrega e transmite força pelo seu próprio conteúdo.

É evidente, o comportamento violento caracteriza uma fração dos manifestantes, não o seu conjunto. Mas é essa fração que precisa ser combatida e afastada de cena pelas autoridades. A morte do cinegrafista da TV Bandeirantes acende o sinal vermelho da realidade. O objetivo das manifestações é fazer do Brasil um país melhor para se viver. Não semear o pânico e interditar a vida.

* Patrícia Blanco é presidente do Instituto Palavra Aberta

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