Comunicação e privacidade

Comunicação e privacidade 550 345 Instituto Palavra Aberta

A presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco, foi um dos destaques do Seminário Comunicação e Controvérsias, organizado pela ABERJE– Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

“Liberdade é o princípio fundamental para a circulação de ideias e informações, pois o cidadão não precisa de tutela”, ressaltou Patricia Blanco durante o evento da ABERJE, ocorrido ontem (quinta/22), em São Paulo. Para ela, a privacidade é um fenômeno que nasce com a industrialização no pós-Revolução Francesa e se evade no início deste século com o advento da Internet, das redes sociais e da iniciativa das próprias pessoas que gostam de falar de si e de divulgar informações. “O risco é que esse fenômeno venha acompanhado da banalização da informação. Mas esse é um desfio que a sociedade vem enfrentando e saberá superar democraticamente”, salientou.

Patricia Blanco falou no painel Comunicação e Privacidade, ao lado do advogado Leandro Bissoli, da Patrícia Peck Pinheiros Advogados. Ele enfatizou os impactos do Marco Civil da Internet, às vésperas de entrar em vigor, sugerindo reflexões em torno do conceito de privacidade e da crescente necessidade de diálogo uma vez que os acontecimentos hoje estão ao alcance de todos, aos olhos das pessoas, nas ruas.

O seminário envolveu na programação quatro grandes temas: Comunicação e Saúde, Comunicação e Privacidade, Comunicação e Biotecnologia, e Comunicação e Meio Ambiente. Nos painéis, se revezaram Hélio Muniz, diretor de comunicação do McDonald’s Brasil; Renard Aron, diretor de relações governamentais da Johnson & Johnson; Adriana Brondani, diretora executiva do Conselho de Informação sobre Biotecnologia; Yara Braxter, diretora de comunicação corporativa e responsabilidade social da Novartis; George Costa e Silva, gerente de comunicação, mídias sociais e responsabilidade social da Toyota do Brasil, e Mário Batista, diretor de assuntos corporativos da Pirelli. Como mediadores, Luiz Alberto de Farias, da Escola de Comunicação da USP; e Luiz Fernando Brandão, consultor de Comunicação da Fibria.

Liberdade

Patricia Blanco defendeu a tese de que a liberdade sempre deve prevalecer na mediação entre a privacidade e a comunicação. Reconheceu a abundância de informação no mundo moderno, mas admitiu, igualmente, que a discussão em torno da privacidade transborda do ambiente jurídico para a educação e o exercício da cidadania. Significa dizer que as pessoas precisam ter consciência do que divulgam ou deixam de divulgar no mundo digital.

Um dado emblemático, citado por Patricia: a cada 60 segundos são postados 600 novos vídeos. O número, fenomenal, ilustra a rapidez da disseminação de tudo que entra no circuito das redes sociais. É uma nova cultura que floresce, um novo momento em que todos produzem conteúdos e se sentem magnetizados pelas facilidades criadas pela Internet.

Para Patricia, o impasse é a banalização da informação: “o filósofo Hannah Arendt, ao escrever sobre o totalitarismo, falou da banalização do mal. Nos dias atuais, o impasse é a banalização do privado”, disse. E quais os caminhos a seguir? As respostas estão em aberto. A única certeza, afirmou Patricia, “é que quanto melhor informado, mais o cidadão será capaz de decidir. Este é o princípio básico a interligar a nova sociedade da informação e da privacidade, criada pela sociedade industrial, e, nos dias atuais, ao abolir as fronteiras tradicionais entre o público e o privado propõe uma recriação do seu sentido e coerência.

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