Dica da Semana

Dica da Semana 630 345 Instituto Palavra Aberta

A censura nas telenovelas brasileiras, com riqueza de detalhes, é a matéria-prima do livro Beijo Amordaçado, escrito pelo jornalista Cláudio Ferreira, e que será lançada no próximo dia 15 (sábado), em Brasília.

capa-beijo-amordacado-_-foto-divulgacaoA Censura é uma das marcas das ditaduras. Aconteceu com o Brasil entre 1964 e 1988. Começou com um golpe militar, mas não terminou com a transição democrática. Um vácuo entre abril de 1985 e outubro de 1988 produziu uma situação sui generis: três anos e meio de pretensa democracia e, paralelamente, a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) atuando a todo vapor. Foi preciso esperar que a Constituição de 1988 passasse a valer e varresse a estrutura censória do governo federal.

Parte do legado da DCDP está guardada no Arquivo Nacional, em Brasília. São caixas e caixas de documentos: 20 mil letras de músicas censuradas, processos relativos a peças de teatro e filmes, nacionais e estrangeiros. O acervo referente à censura na televisão é espantosamente volumoso e se restringe praticamente à produção brasileira – há também algumas novelas de vizinhos latino-americanos exibidas no Brasil. Tudo ao alcance de qualquer brasileiro, amparado pela Lei de Acesso à Informação.

É esse material sobre a censura às telenovelas exibidas no Brasil a matéria-prima do livro Beijo Amordaçado (Editora Ler – 2016), do jornalista Cláudio Ferreira, que será lançada em 15 de outubro, em Brasília. Um acervo rico em detalhes – a partir do décimo ano, 1974, além dos pareceres dos censores estão guardados também alguns scripts, roteiros com as marcas da Censura ao que deveria ser vetado. Também há vasta correspondência entre a DCDP e as emissoras de televisão, que mostra como foram as negociações entre os representantes da ditadura e os produtores de novelas – algumas vezes, os embates chegaram até o Ministério da Justiça, ao qual a censura era subordinada.

No acervo relativo às novelas, percebe-se que boa parte do material censurado era vetada sob a justificativa de atentar contra a “moral e os bons costumes”, sempre em prol da proteção de crianças e adolescentes. A censura diretamente política respondia por uma porção menor dos cortes. Mas se essa moral e bons costumes reproduziam os parâmetros conservadores da parcela da população conivente com o golpe militar, então tudo acaba sendo político. A censura de que o autor trata no livro é o resultado da tutela do Estado ditatorial sobre um dos gêneros televisivos mais populares do País.

O autor

Cláudio Ferreira é jornalista há 30 anos, com passagem pelo Correio Braziliense, Folha de S.Paulo e TV Globo, todos em Brasília, e desde 2004 é funcionário da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados. Há 10 anos estuda televisão mais sistematicamente: em uma especialização em Relações Internacionais na Universidade de Brasília, abordou a exportação de telenovelas brasileiras. O mestrado na mesma instituição explorou o fenômeno dos reality-shows. É autor dos livros A Dinâmica dos Reality-Shows na Televisão Aberta Brasileira (Editora Universa – 2010) e Cerrado em Close – Histórias dos Primeiros Anos da Televisão em Brasília (Editora Ler – 2012), além de organizador da publicação Qualidade na TV – 10 Anos da Campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania (Edições Câmara – 2013).

[su_service title=”Serviço” icon=”icon: bookmark” icon_color=”#9E0B0F” size=”24″]Beijo Amordaçado
Lançamento: 15 de outubro de 2016 (sábado)
Horário: a partir das 17h
Local: Espaço Cultural Alexandre Innecco (ECAI)
Endereço: CLN 116 – Bloco A – Loja 74 – Brasília / DF
Informações: (61) 98111-7604[/su_service]

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