A transformação do jornalismo

A transformação do jornalismo 630 345 Instituto Palavra Aberta

* Patricia Blanco

A chegada da Internet, juntamente com o advento de novas tecnologias, de formas de comunicação e acesso, têm transformado a vida de todos desde o começo do milênio e mudado de forma irreversível inúmeros setores e mercados.

Assim como no área de telefonia, tecnologia, agência de viagens, varejo e até mesmo no setor de transporte, e o Uber está aí para ninguém duvidar, no jornalismo não foi diferente. Experimentamos uma era onde todos passaram a ter poder de noticiar algo, de produzir conteúdo e, principalmente, de publicar. Passamos a ser chamados de “cidadãos repórteres” com capacidade irrestrita de tornar público qualquer tema, fato ou acontecimento, a qualquer momento do dia, em tempo real. Passamos a viver na era da liberdade total de expressão, sem filtros, barreiras ou impeditivos.

Sites, blogs, microblogs, páginas, comunidades, redes, portais e espaços que, rapidamente, passaram a fazer parte do vocabulário de qualquer cidadão com mais de 9 anos de idade. Isso mesmo, 9, 10 anos de idade. Exemplo são os You Tubers mirins, que estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia. Mas, essa oferta irrestrita de informação tem causado alguns transtornos e é fundamental saber separar o joio do trigo, o boato da verdade, a versão do fato propriamente dito. E é nesse espaço que o jornalismo de qualidade volta a cena. Nunca houve tanta oferta de informação. Ao mesmo tempo, nunca a demanda por notícias de qualidade, checadas, bem apuradas, feitas com o rigor jornalístico, teve tanto espaço.

Veículos tradicionais de comunicação, já adaptados ao mundo digital, voltam a apresentar recordes de acessos em suas plataformas. E novos formatos de apresentar a notícia são experimentados. A novidade que confirma a real transformação do jornalismo neste milênio é o surgimento de novos veículos, novas empresas jornalísticas, ocupando o espaço proporcionado pela tecnologia da informação, comprovando que notícia de qualidade tem o seu lugar.

Tive a alegria de conhecer mais de perto duas dessas iniciativas, que embora um pouco distintas, têm em comum o vigor do novo e o entusiasmo de profissionais que decidiram empreender em prol da jornalismo. Os criadores do jornal digital Nexo e da Lupa – primeira agência de checagem do grau de veracidade das informações que circulam pelo País –, além de outras tantas iniciativas recentes, são exemplos de espaços que prezam pela independência e o pluralismo de ideias.

É neste ambiente de plena liberdade que o jornalismo de qualidade deve continuar a florescer, mostrando toda a sua força e entusiasmo. É também nesse ambiente que a democracia se fortalece e a sociedade agradece.

* Patricia Blanco é presidente executiva do Instituto Palavra Aberta

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