Dica da Semana

Dica da Semana 630 345 Instituto Palavra Aberta

Profissao-Reporter-Dez Anos-_-Foto-ReproducaoDa telinha para as páginas de um livro, “Grandes aventuras, grandes coberturas – Profissão Repórter 10 anos”, de Caco Barcellos, revela fatos e histórias coletados por sua equipe de forma dinâmica, envolvente e unida por uma mesma característíca: o jornalismo de ação.

Entrevistada: Eu posso fazer uma pergunta à você?

Repórter: Pode.

E: Se você fosse pequeno e morasse aqui, você ia gostar deste lugar?

R: Não (a imagem da câmara reversa revela o rosto do repórter enquanto filma a menina), não iria querer estar aqui, não.

E: Mas se sua mãe não tivesse dinheiro pra nada, pra sair deste lugar, você ia catar lixo pra ajudar ela?

R: Eu acho que sim (a tela se divide em duas, revelando a imagem da menina e o rosto do repórter ao lado da câmara, no plano invertido.) Se não tivesse nenhuma outra opção, eu acho que tentaria ajudar.

O diálogo carregado de tensão narrativa traduz com precisão o espírito do programa Profissão Repórter: diante da câmara, o repórter coleta informações, histórias, impressões ou opiniões, mas é também protagonista. O foco tanto pode ser o entrevistador, como a entrevista e é isso que faz a diferença na atração liderada pelo experiente Caco Barcellos e sua equipe. Composta de gente jovem e aguerrida, eles perseguem nas ruas a “vida real em tempo real”. E já se faz uma década que o programa nasceu no ano de 1996, durante a implantação da Globonews, e que foi ao ar, pela primeira vez, em 2006, como quadro do Fantástico.

Reunidas em livro, Grandes aventuras, grandes coberturas – Profissão Repórter 10 anos (Editora Planeta), por Caco Barcellos e sua equipe, conta histórias de ação e de gente comum, muitas vezes vivendo em condições subhumanas, como por exemplo os cortadores de cana; migrantes com passaporte haitiano; o lixão de Gramacho, que foi o maior da América Latina (ficava em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense); entre outros. Tudo em textos assinados, vivos, dinâmicos, contanto os bastidores da notícia, a revelar uma face pouco conhecida da realidade brasileira.

A publicação apresenta 20 das melhores reportagens exibidas pelo programa e está dividida em cinco partes: um novo desafio, grandes aventuras, a redação e o repórter, grandes coberturas, terra na boca: vídeorrepórteres e gotas de chuva e olhares externos. Todos unidos por uma mesma característica: o jornalismo de ação, já que o bordão do programa traduz essa essência: os bastidores da notícia, os desafios da reportagem. Ou, no conceito de que personagem é ação.

Esta é mais uma obra de Caco Barcellos – em seu currículo literário constam Nicarágua – A Revolução das Crianças (1979), Rota 66 – A História da Polícia Que Mata (1993) e Abusado – O Dono do Morro Dona Marta (2003) –, e em sua leitura devemos considerar que programas como o Profissão Repórter não existiriam se não fosse a liberdade de imprensa, plena e imprescindível para qualquer sociedade democrática.

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