5 dicas para combater a desinformação em sala de aula

5 dicas para combater a desinformação em sala de aula 1024 683 Instituto Palavra Aberta
Elisa Tobias*

📸: Freepik.com

De acordo com uma recente pesquisa financiada pelo Google, quatro em cada dez brasileiros recebem “fake news” diariamente. Tal número pode ser ainda maior considerando que identificar desinformação nem sempre é algo simples e rápido, o que acaba afetando as pessoas de formas diversas. 

As crianças e os adolescentes infelizmente também não escapam a esse fenômeno. É preciso desconstruir a ideia de que eles são menos vulneráveis a conteúdos maléficos apenas por terem nascido num mundo conectado. A facilidade que o público infantojuvenil tem diante da tecnologia não significa maturidade para enfrentar os perigos virtuais que os cercam, como cyberbullying, desafios virtuais, exposição excessiva e outros tipos de riscos e violências que rondam as redes sociais.

Eles precisam desenvolver habilidades e competências para lidar com o volume de mensagens midiáticas de maneira responsável e crítica. Nesse contexto, a escola tem papel fundamental na orientação e preparo das novas gerações. O melhor “antídoto” para lidar com essa situação complexa é justamente a educação midiática. 

Neste artigo, separamos cinco dicas que podem ajudar educadores e equipes pedagógicas a abordarem o assunto em sala de aula: 

Promova investigações com as turmas utilizando as mídias

Manga com leite faz mal? Vacinas causam autismo? O aquecimento global existe? Receber informações duvidosas hoje é parte do cotidiano, e nada melhor do que utilizar a checagem de fatos para encontrar respostas. Incentive a pesquisa sobre as notícias e mensagens que eles têm recebido recentemente e compartilhe os resultados na sala de aula. 

Projetos como o #FakeToFora, do Instituto Palavra Aberta, e o HoaxBusters, liderado pelo professor Estevão Zilioli, são exemplos de iniciativas que buscam aproximar as técnicas jornalísticas da pesquisa escolar. Promover investigações a partir de uma pergunta disparadora é fundamental para reforçar comportamentos que já fazem parte do dia a dia do aluno em diferentes disciplinas, como a análise de dados e o registro das informações.

Transforme os estudantes em produtores de notícias

Conhecer como o processo jornalístico funciona ajuda os jovens a valorizarem a informação de qualidade e, consequentemente, a identificarem notícias falsas. Além disso, ao produzirem peças midiáticas em grupo, os alunos podem refletir sobre aquilo que consomem quando estão online. O campo jornalístico-midiático da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê a abordagem desse tipo de conteúdo, já que a habilidade de composição de textos e vídeos é importante para todas as áreas do conhecimento. 

A imprensa mirim da escola poderá utilizar os recursos tecnológicos disponíveis e as redes comuns para alunos e professores. Caso a escola não disponha de infraestrutura mínima, é possível improvisar com papéis e lápis, desenhando jornais de forma artesanal. O importante é definir o que será capturado, qual será o roteiro e como será feita a apuração da investigação, já que o objetivo é promover reflexões sobre as escolhas que fazem e como isso ocorre com os conteúdos que consomem. 

Avalie “memes” que brincam com situações do cotidiano

Os “memes” podem ser importantes aliados no trabalho do educador quando o assunto é letramento midiático. Eles promovem uma comunicação eficiente, rápida e articulada, próxima ao universo dos estudantes. Além disso, esse tipo de conteúdo abre espaço para leitura crítica, protagonismo do aluno e aumento do repertório. O debate sobre produções virais também é uma maneira de discutir ética na escola, além de promover a discussão sobre intenção, autoria e contexto, habilidades fundamentais para a vida no século XXI.

Incentive a análise reflexiva de filmes, séries e programas de TV

Assim como a escola é competente na orientação da leitura cuidadosa de livros, perguntando quem é o autor, quando foi escrito e editado, o mesmo pode ser feito em relação às mídias. É essencial identificar autoria e o propósito por trás de um texto ou vídeo para não reproduzir inverdades.

Sempre que os estudantes forem confrontados com alguma produção midiática, é importante destacar como os aspectos técnicos contribuíram para a construção daquela mensagem, desde a escolha de imagens até ângulos e cores. Tudo isso contribui para exercitar um olhar analítico com relação aos conteúdos, seus significados e mensagens. 

Fique atento à linguagem utilizada nas informações que encontrar 

A mensagem recebida causou algum tipo de emoção ou pede uma ação imediata? Peça aos estudantes que aguardem antes de compartilhá-la. Precisamos formar uma nova geração de bons leitores na internet. Ao encontrar algo que parece inédito e que está de acordo com o que o aluno pensa (o chamado de viés de confirmação), é preciso pausar e avaliar a fonte. Mostre isso a ele.

Assim, unindo a análise cuidadosa das informações com produção autoral, poderemos contribuir para desenvolver o olhar crítico dos alunos e prepará-los para os desafios da sociedade conectada. Incentivar o letramento multimídia e a segurança digital são alguns dos grandes legados que a escola poderá deixar para as novas gerações. 

*Elisa Tobias é educomunicadora e analista de comunicação do Instituto Palavra Aberta

 

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