Quando o jornalismo encontra a sala de aula

Quando o jornalismo encontra a sala de aula 1024 683 Instituto Palavra Aberta
Daniela Machado*

Imagem: Billeto Editorial/Unsplash

Como ensinamos e como aprendemos no século 21? O acesso a um volume gigantesco de informações, muitas vezes ao alcance de um clique, tem sacudido o universo da educação. O conhecimento não está mais confinado em livros e enciclopédias ou mesmo na figura do professor, mas espalhado por uma enorme rede que comporta os mais diversos tipos de conteúdo — dos mais aos menos confiáveis.

Saber navegar por esse ambiente, buscando e filtrando informações de qualidade, é uma competência essencial para a construção de conhecimento. E é exatamente nesse contexto que o jornalismo aproxima-se da sala de aula: a trilha percorrida por jornalistas é muito parecida com a que estudantes podem ter em sua jornada de aprendizagem.

Basta olharmos para algumas das propostas pedagógicas que ganharam espaço nos últimos tempos, como a aprendizagem baseada em projetos e em investigação. Nesses casos, ao contrário da aula mais tradicional (em que conceitos e ideias são transmitidos aos alunos), eles próprios traçam um caminho até chegar às conclusões necessárias, geralmente a partir de observação, de uma pergunta ou de um problema para resolver. 

Engana-se quem acha que o papel dos  professores seja menor nesse contexto. São justamente eles que guiam, amparam e mediam o processo pelo qual os alunos aprendem com mais autonomia — não só os temas curriculares mas habilidades para a vida toda, como as que envolvem pensamento crítico e letramento da informação.

E como o jornalismo entra nessa história? O caminho da informação, desde a ideia de uma pauta até a publicação da reportagem, é muito similar à trilha que os estudantes podem percorrer na construção de conhecimento.

No jornalismo, observar a realidade e fazer perguntas são ações que funcionam como gatilho para a investigação de um determinado assunto que, no futuro, pode virar uma reportagem. No jargão jornalístico, este é o processo de apuração. 

No contexto escolar, observar atentamente fatos, pessoas e situações com que nos deparamos todo dia e levantar perguntas são atividades que estimulam a curiosidade e despertam o interesse pela pesquisa. 

Definido o assunto a ser pesquisado ou a pergunta a ser respondida, o próximo passo é efetivamente investigar. E, mais uma vez, o caminho de jornalistas e estudantes se cruzam: ambos precisam consultar documentos e pessoas, pesquisar e filtrar informações confiáveis e de qualidade enquanto traçam hipóteses e buscam confirmá-las. 

O conteúdo encontrado, então, precisa ser organizado. As informações mais relevantes são definidas e hierarquizadas, para serem apresentadas ao público em geral (ou à comunidade escolar) de forma clara e objetiva. 

O método jornalístico, desde a ideia de pauta ou da pergunta que se quer responder até a publicação das informações, é um excelente caminho para planejar e organizar uma pesquisa também na escola. No embalo, crianças e jovens acabam aprendendo — e valorizando — o papel do jornalismo como um dos pilares de sustentação da democracia.

Nesta semana, em que é celebrado mundialmente o Dia da Liberdade de Imprensa (3 de maio), fica o convite para que educadores e jornalistas deem as mãos em prol de uma sociedade bem informada e capaz de tomar as melhores decisões.

 

*Daniela Machado é coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta

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