Crescem as violações à liberdade de expressão, mostra relatório da ABERT

Crescem as violações à liberdade de expressão, mostra relatório da ABERT 949 372 Instituto Palavra Aberta

O Brasil registrou no ano passado 145 casos de violência não letal contra profissionais da imprensa e veículos de comunicação, segundo o Relatório ABERT sobre Violações à Liberdade de Expressão, divulgado na terça-feira (22). O número representa uma média de 2,7 casos por semana ao longo de 2021, envolvendo ao todo 230 vítimas, um aumento de 21,69% em relação a 2020. 

O levantamento promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) indica que, a exemplo de 2020, as ofensas tiveram o maior registro de ocorrências no ano passado. Foram 53 relatos, envolvendo pelo menos 89 profissionais e veículos de comunicação, crescimento de 30,88% no número de vítimas. Em quase sua totalidade (92,45%), os ataques partiram de políticos ou ocupantes de cargos públicos. 

Em seguida, estão as agressões, com 34 casos, envolvendo pelo menos 61 profissionais da comunicação, vítimas de chutes, pontapés, socos e tapas – um aumento de 3,39% no número de comunicadores agredidos. Os homens representaram a maioria das vítimas (80,33%). Em 62,22% dos casos, equipes de TV foram as mais atingidas.

As intimidações também tiveram destaque, com 26 casos registrados, o que equivale a um aumento de 4% em relação a 2020. O número de vítimas aumentou consideravelmente: pelo menos 43 profissionais tiveram o trabalho interrompido, foram recebidos aos gritos ou mesmo impedidos de continuar cumprindo o dever de informar. O número é 43,33% superior ao contabilizado no relatório passado. Mais de 58% dos profissionais atacados eram homens.

No ano passado, de acordo com o estudo, não houve registros de assassinato de jornalistas pelo exercício da profissão. No entanto, os atentados – oito, no total – chamam a atenção não apenas pelo aumento significativo no número de casos, que dobrou em relação ao ano anterior, mas pela maneira como foram executados, muitas vezes, com o uso de armas de fogo.

O relatório registrou ainda os ataques virtuais em um capítulo à parte. De acordo com estudo encomendado pela ABERT à empresa BITES, apesar da redução de 54% em relação a 2020, as postagens em redes sociais como o Twitter, Facebook e Instagram, com palavras de baixo calão, expressões depreciativas e pejorativas dirigidas à imprensa profissional e aos jornalistas, estiveram em 1,46 milhão de posts, o que representa cerca de 4 mil ataques virtuais por dia, ou quase três agressões por minuto.

Para Flávio Lara Resende, presidente da ABERT, “a violência sistemática contra o jornalismo crítico e independente tenta minar, sem sucesso, a credibilidade da imprensa profissional, barreira eficiente contra a propagação de notícias falsas e parte fundamental para as democracias. A ABERT lembra que a liberdade de imprensa não aceita retrocessos”.

O documento pode ser acessado AQUI

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