Saiba como foi o webinário Educação para a Cidadania, uma parceria entre o Palavra Aberta e o TSE
Saiba como foi o webinário Educação para a Cidadania, uma parceria entre o Palavra Aberta e o TSE https://www.palavraaberta.org.br/v3/images/educação-para-cidadania-1024x528.png 1024 528 Instituto Palavra Aberta https://www.palavraaberta.org.br/v3/images/educação-para-cidadania-1024x528.pngJoão Costa, para o Instituto Palavra Aberta
Os temas educação midiática, democracia e o combate à desinformação no âmbito escolar foram amplamente debatidos no webinário Educação para a Cidadania, realizado na última sexta-feira, dia 7, pelo Instituto Palavra Aberta em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O evento, que foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do Palavra Aberta e do EducaMídia, contou com a participação de três convidados especiais: o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso; a presidente executiva e co-fundadora do Todos pela Educação, Priscila Cruz, e a representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto. O webinário, que teve duração de 1h30, foi mediado por Patrícia Blanco, presidente do Palavra Aberta.
Defensor da educação como um pressuposto fundamental para a formação de uma cidadania consciente e participativa, o ministro Luís Roberto Barroso fez uma avaliação em que aponta a existência de pelo menos três erros no sistema educacional básico brasileiro: a falta de alfabetização na idade certa e adequada; a evasão escolar no ensino médio; e o déficit de aprendizado nos níveis fundamental e médio, período em que, ao concluir estas etapas do ensino curricular, o aluno não demonstra conhecimento apreendido. Uma constatação evidenciada com base em estudos feitos pelo Todos pela Educação.
Pandemia
De acordo com Marlova Noleto, da Unesco, é de fundamental importância que os professores que atuam na educação básica dominem as novas tecnologias para, decisivamente, contribuírem para a vida educacional dos seus alunos. Neste aspecto, ela destacou o papel da parceria com o Instituto Palavra Aberta no sentido de dar ênfase para a educação midiática e informacional, com foco no aprimoramento dos professores, ainda mais tendo em vista a pandemia e do ensino remoto.
“O quadro é extremamente preocupante, pois a Covid-19 deixou 258 milhões de crianças, adolescentes e jovens de fora dos sistemas educacionais. Conforme dados apurados pela Unesco, estima-se que a pandemia tenha atingido em torno de 1,6 bilhão de estudantes em todo o mundo”, explicou.
Para Priscila Cruz, do Todos pela Educação, a educação básica no Brasil deveria ser entendida como um direito difuso capaz de abarcar pessoas de todos os níveis sociais e econômicos, já que “a falta de educação é a mãe da desigualdade socioeconômica”. Ela salientou também que a pandemia do coronavírus deixou ainda mais claras essas diferenças estruturais, impactando na educação, na economia e na saúde. “A pandemia escancarou as desigualdades”, sublinhou, pontuando que o ensino remoto está muito aquém do presencial.
Discurso de ódio
O webinário também tratou das ofensas e preconceitos que povoam muitas postagens na internet. Segundo Marlova, da Unesco, “estamos assistindo a uma proliferação do discurso do ódio” nos últimos anos. Em contrapartida, ela pontua a importância da checagem obrigatória das fontes, incluindo a educação midiática e a informação relevante, não só na área da saúde, mas, igualmente, em outras esferas sociais, que vem crescendo em diversos aspectos.
Já o ministro Luís Roberto Barroso reforçou que a tolerância ao outro é fundamental, pois representa “o respeito por quem pensa diferente de nós, algo básico para a saúde das relações humanas”. Barroso falou também sobre a violência digital, correlacionand0 alguns casos à psicopatia. “A maior punição para tais pessoas é a de serem quem são”, arrematou.
Priscila Cruz, do Todos Pela Educação, concorda. “O discurso do ódio é disseminado em razão da falta de educação para a tolerância, para a diversidade de opiniões e a educação precisa ir na contramão de uma escola sem partido”, enfatizou. Para ela, as pessoas não sabem discernir fontes e informações, o que as levam a aderir, inclusive, a ataques que, a rigor, contribuem para a aceitação de “absurdos que passam despercebidos e que, em alguns momentos, são até aplaudidos”.
Liberdade de expressão e democracia
Durante o webinário, o ministro Luís Roberto Barroso falou também sobre a importância de as pessoas não serem intolerantes. Citou o respeito democrático que deve haver com a população LGBTQI+ e a importância de se debater as questões referentes à igualdade racial e as causas feministas no âmbito dos direitos humanos.
E isso deve começar na escola. De acordo com Priscila Cruz, é importante que a tolerância seja trabalhada no ensino básico e chamou a atenção para as eleições municipais majoritárias que estão próximas, alertando para que os candidatos mostrem suas propostas e sinalizem como as crianças poderão aprender a lidar com a tolerância e o respeito à diversidade por meio da educação básica.
Para assistir ao webinário na íntegra, clique aqui.