Como a educação midiática pode incentivar mais mulheres na ciência e tecnologia?

Como a educação midiática pode incentivar mais mulheres na ciência e tecnologia? 1024 654 Instituto Palavra Aberta
Elisa Tobias*

📸: freepik

O Dia Internacional das Mulheres é uma data significativa para celebrar as conquistas femininas na sociedade, mostrando como elas precisam superar obstáculos históricos para efetivarem seus direitos. Levando isso em conta, neste ano a campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) é: “Por um mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para a igualdade de gênero”. Esse tema levanta importantes perguntas para a reflexão, como a contribuição da tecnologia para a igualdade de gênero, a responsabilidade individual na redução da violência contra a mulher nas redes sociais e, consequentemente, a abordagem do assunto na sala de aula.

Em áreas como computação, tecnologia da informação digital e engenharia, as mulheres seguem sendo sub-representadas. Conforme o estudo Unesco Science Report, de 2021, as mulheres representavam apenas um terço (33%) dos pesquisadores na área de ciências exatas em 2018. O relatório também afirma que elas são apenas 28% entre o contingente formado em engenharia e 40% do graduado em ciências da computação. A inclusão das mulheres nessas áreas é crucial para a construção da igualdade de gênero, inclusive salarial.

Por isso, desde cedo, o incentivo para que as mulheres se aproximem da ciência e da tecnologia é essencial. As meninas precisam se sentir capazes de utilizarem sua imaginação na criação de soluções tecnológicas para resolver questões importantes para a sociedade. Dessa forma, elas não terão medo de desenvolver inovações que beneficiem a todos no futuro.

O reforço positivo também deve acontecer dentro das redes sociais, já que esse espaço tem se tornado cada vez mais inseguro para a presença feminina. Segundo um estudo feito pela ONG Plan International, 77% das mulheres brasileiras entrevistadas declararam terem sido assediadas virtualmente. Esse número é maior que a média global, 58%. 

No ambiente online, nosso engajamento não deve ser utilizado para curtir ou compartilhar publicações tóxicas, que desvalorizam, constrangem ou mesmo perseguem mulheres. Muitas vezes, na ânsia de incentivar denúncias, internautas expõem ainda mais as vítimas. Agir sem reflexão intensifica os níveis de crueldade de situações delicadas. É preciso um engajamento mais cidadão por parte de todos e todas, compartilhando conquistas e conteúdos positivos, principalmente na área de tecnologia. 

Assim como no ambiente virtual, na sala de aula, o uso da tecnologia pelas meninas também deve ser incentivado. É importante que os alunos e as alunas tenham contato com trajetórias e o trabalho de mulheres nas ciências e nas exatas. Isso pode servir de inspiração às gerações futuras, ajudando a mudar a história.

Os estudantes podem (e devem) ter contato com as histórias de mulheres cientistas. Isso pode ser feito com o apoio das mídias, por meio da exibição de vídeos, filmes e documentários. A partir daí, podem ser realizadas reflexões críticas sobre o papel da mulher na sociedade, suas contribuições para o desenvolvimento da tecnologia mundial e suas inspirações para o futuro. Tudo isso é ainda melhor quando compartilhado com as turmas por meio de cartazes e colagens, caso não haja infraestrutura adequada para a utilização de computadores e plataformas virtuais, sempre considerando, é claro, as faixas etárias das turmas. 

No Brasil, temos exemplos de mulheres que fizeram importantes contribuições nas ciências e tecnologia, como Bertha Lutz e Enedina Alves Marques. Incentivar meninas a conhecerem suas vidas por meio de dados e imagens é uma das melhores formas de garantirmos que teremos novas Berthas e Enedinas  A educação é um dos caminhos para equipararmos as condições das mulheres às mesmas dos homens. 

*Elisa Tobias é educomunicadora e analista de comunicação do Instituto Palavra Aberta

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