Como lidar com o excesso de telas da família?

Como lidar com o excesso de telas da família? 1024 681 Instituto Palavra Aberta

*Daniela Machado é coordenadora do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta

Lidar com a quase onipresença dos dispositivos digitais, como celulares e tablets, tem sido fator de estresse e angústia para muitas famílias, principalmente se o tema envolver crianças e adolescentes. É desafiador encontrar o equilíbrio que possibilite o uso de ferramentas e aplicativos que facilitam a conexão e a autoexpressão responsável e, ao mesmo tempo, afastar os riscos deles decorrentes.

Em diversas frentes, formuladores de políticas públicas, instituições da sociedade civil e pesquisadores, entre outros agentes, discutem caminhos para uma relação mais saudável com as tecnologias digitais. Não há bala de prata, mas algumas recomendações e iniciativas podem, sim, ajudar pais, mães, tutores e outros responsáveis a enfrentar os desafios ligados ao uso excessivo de telas. 

Uma delas é a ideia de criar um “plano de mídias” da família, ou seja, um conjunto de combinados que todos devem cumprir de modo a construir um ambiente mais desplugado, aberto ao diálogo e de mais convivência. A construção das regras deve contar com a participação de todos da família.  

Alguns exemplos de regras que podem ser discutidas e incluídas em um plano de mídias familiar: estabelecer momentos e/ou ambientes livres de telas (como horário das refeições e antes de dormir); conversar frequentemente sobre as tecnologias, os ambientes e os conteúdos acessados; reduzir o número de aplicativos nos dispositivos; criar espaços propícios ao diálogo sobre cyberbullying e suas consequências para as vítimas e para os agressores; explorar as configurações de privacidade dos aplicativos e plataformas, escolhendo sempre o nível máximo de proteção; e até compartilhar bons momentos que envolvem mídias e a descoberta de ferramentas e aplicativos novos.

A Academia Americana de Pediatria (AAP, na sigla em inglês) conta com diversos materiais para apoiar esse processo (sendo que alguns deles já estão traduzidos para o português). Suas orientações incluem:

– As regras e combinados terão mais chance de serem respeitados se estiverem alinhados com as características e valores da sua família. Não existe uma receita de bolo que sirva para todos;

–   É importante que a construção do plano seja um processo conversado e que envolva todas as pessoas da casa, incluindo crianças e adolescentes;

– Os adultos também devem seguir o que foi combinado, principalmente se estiverem junto com as crianças e adolescentes;

– O plano pode ser revisado de tempos em tempos, levando em conta a idade e o amadurecimento das crianças e desafios inesperados que surgem com novas ferramentas e aplicativos, entre outras questões.

O EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta, tem uma série de materiais abertos e gratuitos para ajudar as famílias nesse processo, incluindo um modelo de plano de mídias baseado nas orientações da AAP.

Esse tipo de atividade leva a família a refletir sobre seus próprios hábitos, ponderar o que é adequado para o seu perfil e contexto, traçar objetivos e estabelecer acordos que valem para todos. E tem a vantagem de reduzir a sensação de que “estamos de mãos atadas” diante do fascínio exercido pelas telas.

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